sexta-feira, 1 de abril de 2011

E então... (por autor convidado)

"Lá se foram os dias em que as horas tão passadas se deram lentas e vagas como cortinas brancas flutuando em casas cinzentas. Foi-se também meu grito curto e ameaçado de chamar a atenção de alguém quando eu vi uma mulher cantando, coberta de suas roupas simples como vestes roídas por ratos, e o formato de sua fisionomia contendo uma beleza pobre não foi capaz de compensar sua voz gritante e humilhada! Que fortes palavras a têm! Insisto eu enquanto tento emitir um comentário sobre a minha inquieta dúvida, ansiosa e até barulhenta pergunta de eu ter o ciúme de somente eu querer a voz que não me pertence. Estou tentando caber no que não chamo de realidade, mas é que a dimensão exata do diâmetro do silêncio onde muito me escondia já não tem a abertura suficiente de eu escapar do mundo. E de onde virão meus próximos medos? Não sei bem como o descrever o que me virá nas horas poucas que restam como as sobras da última ceia ainda não bem devorada por bocas secas e sem vontade de fome. Mas sei, de meu imediato instante, que não quero ficar por aqui tentando lembrar novamente do meu antigo retrato pendurado na parede amarelada da sala".

J.X.N - Dedico meu hoje, meu mais forte apego, àqueles que chegaram perto do meu escuro, sem mesmo entenderam minhas palavras. Obrigado por tudo!

(João Ximenes Neto é visitante constante de nossa humilde Casa)

Nenhum comentário: