domingo, 3 de outubro de 2010

Sobre Escrever

Nada é mais profundo em mim do que a minha escrita. Ela nasce no fundo de uma alma que não se conhece, mas não se estranha. E flui, rumo ao grande oceano da vida, como toda pequena nascente termina no mar. As ondas e as chuvas trazem de volta pequenas gotas de tudo o que fui e serei um dia. Mas é o fluir que me torna viva. Das palavras que recito, escorre a verdade do que sinto. Escondo-me, dizem, nas frases que redijo. Porém a realidade é que me entrego a cada caracter que digito. Nada surte tanto efeito para a libertação do meu espírito quanto o desabafo de minhas dores e amores no branco papel ofício. Cabe em meu corpo zilhões de cicatrizes invisíveis e visíveis, que me revelam a história de uma existência não pacífica. Pois nada me causa mais asco do que a falta de paixão pela vida. Preciso que meus gritos ecoem longe dos meus próprios ouvidos. E que as batidas do meu coração retumbem além de mim. Pois nada eu seria se não houvesse outros ouvidos, outros corações e outras escritas. Cada um de nós tem sua forma de entregar. Um vínculo único que nem todos podem alcançar. Algo que é mais seu do que meu, mais meu do que seu, menos nosso. E ainda sim é nosso. O que seria de minha escrita sem sua aparente apatia, e de sua música sem o meu aparente entusiasmo. O que nos vaza pelos poros e nos segura nesse chão é um laço único. Mesmo que nunca leias os meus escritos e ainda que raramente eu escute as suas melodias, enxergamos além.A necessidade de escrever é como comer, alimenta-me. Nutre meu coração e fortalece a minha mente, uma pequena geradora de idéias que se acasalam e se proliferam alheias a minha vontdade.
Amo cada personagem que vive dentro de mim.

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